Resumo: a educação ambiental surgiu no século XX, tendo em vista, naquele momento, uma “reconexão” entre ser humano e natureza, realizando uma crítica às perspectivas científicas sobre essa relação com base na ciência cartesiana e positivista. Como desenvolvimento do campo de pesquisa e a especificidade da educação ambiental no Brasil, a educação ambiental se requalificou e, numa perspectiva mais crítica, compreende e interroga a relação entre sociedade e natureza, já que a humanidade utiliza a natureza como uma forma de recurso e mercadoria, e não enquanto um bem comum pertencente a toda a humanidade. Assim, a educação ambiental, de uma forma crítica, transformadora e emancipatória, tem como foco abordar as questões ambientais atreladas às questões sociais, culturais e políticas, ou seja, trabalhar nas raízes dos problemas existentes. No TrilhaZ, a ideia é contribuir no sentido de conhecer um pouco mais sobre a realidade socioambiental local, tendo em vista ações como oficinas/minicursos, por meio de conteúdos como disponibilidade hídrica, biodiversidade presente na região, uso e ocupação do território, pertencimento, participação e identificação comunitária, bem como ampliar o senso de cidadania dos sujeitos participantes.
Pilares da educação ambiental.
Live sobre educação ambiental promovida em 24/06/21.
Resultados preliminares (Trilha em Delfim Moreira - MG): a partir da coleta de dados, feita por meio de entrevistas semi-estruturadas em grupo focal, podemos vislumbrar alguns dados iniciais. Em relação aos principais desafios contemporâneos para a agricultura e as questões socioambientais no município de Delfim Moreira, foi identificado que iniciativas comunitárias e colaborativas promovem diálogo socioambiental e articulação da população local.
Sobre a educação escolar e a educação ambiental, mesmo com a vivência próxima do ambiente rural, os alunos da educação básica precisam da mediação do docente numa perspectiva mais crítica, que promova o acesso a conteúdos socioambientais locais e também universais.
Esses dados nos indicam, como discutido por Layrargues e Lima (2011), que a problemática socioambiental não se trata, necessariamente, de "reconectar" o ser humano à natureza, mas de modificar a relação estabelecida entre sociedade e meio ambiente.
A relação entre a agricultura, as questões socioambientais e a educação ambiental precisa passar por um panorama crítico, ou seja, é necessário superar as perspectivas conservadoras (pragmática e conservacionista), como nos indicam Layrargues e Lima (2011), com o cuidado de romper a lógica do assistencialismo e da caridade, tendo em vista a justiça social.
Nesse sentido é importante buscar iniciativas que fortaleçam a coletividade, para além do senso individualista. Outro resultado preliminar que obtivemos foi a respeito dos conteúdos de educação ambiental: temas como resíduos sólidos e orgânicos e a água são os mais mencionados acerca das questões socioambientais na realidade da população de Delfim Moreira - MG. Esses conteúdos estão presentes não apenas na educação escolar, como também nas trocas comunitárias da população.
Em relação às trilhas socioambientais, a partir dos participantes da pesquisa, foi possível compreender que eles entendem que as trilhas podem contribuir para a reflexão acerca da relação entre sociedade e ambiente, questionando sobre qual desenvolvimento rural se pratica na região.
Referência
LAYRARGUES, P. P.; LIMA, G. F. da C. Mapeando as macrotendências político-pedagógicas da educação ambiental contemporânea no Brasil. Anais do VI Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental. Ribeirão Preto: USP. 2011.